Em mau estado e com fim da duplicação previsto só para 2014, rodovia Sapucaia do Sul-Viamão é apelidada de "Faixa de Gaza"
Estrada tem 95% das placas de concreto das pistas deterioradas Foto: Adriana Franciosi / Agencia RBS
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Rota econômica importante da região metropolitana de Porto Alegre, a rodovia Sapucaia do Sul-Viamão (ERS-118) é um caminho amargo para motoristas há mais de uma década. O calvário ainda pode piorar antes do término da duplicação, previsto só para o fim de 2014. Atrasos na entrega de asfalto têm comprometido a manutenção dos trechos defeituosos.
A conservação do que resta da rodovia se tornou ainda mais problemática há dois meses. Desde então, pouco avançam os consertos necessários nas pistas rachadas, esburacadas e com desníveis em vários trechos. Um dos motivos é a diminuição do ritmo de entrega do asfalto pela Petrobras à empresa que faz a manutenção da via, informou o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer).
O problema no fornecimento do material teria sido causado pelo atraso na produção em razão do mau tempo em Tramandaí, na época, impedindo o descarregamento do petróleo e gerando efeito cascata. A Petrobras garantiu que tem disponibilizado asfalto para o Estado por meio da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), sem ônus de transporte para os clientes.
Mas os 22 quilômetros da rodovia têm outros obstáculos. O dinheiro não é um deles. Conforme o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Beto Albuquerque, a estrada poderá contar com R$ 120 milhões. São R$ 70 milhões previstos no orçamento do Estado e R$ 50 milhões relativos ao saldo da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), a serem pagos pelo governo federal.
— Já investimos R$ 30 milhões na rodovia, mas o problema não são os recursos. Passamos um ano e meio tratando do litígio entre duas empresas para construir o viaduto do Itacolomi, por exemplo. Isso atrasou dois quilômetros de obras. A manutenção precisa melhorar, assim como a sinalização. Em alguns trechos, a ERS-118 é muito desagradável — diz.
Outra dificuldade com a Petrobras é relatada pelo secretário. Para avançar na duplicação, será preciso remover um duto que atravessa a via transversalmente. Segundo Beto Albuquerque, a empresa não quer retirá-lo e, por isso, foi notificada. A Petrobras preferiu não se manifestar sobre o caso.
Para sindicato, estrada deveria ser prioridade
Caminhoneiro há 24 anos, Giordani Borgatti Tavares cruza a ERS-118 três vezes por semana. O olhar dele sobre a rodovia é de indignação:
— Não tem sinalização, acostamento, asfalto ou segurança. Não tem nada. É péssima, não dá mais para passar aqui, está muito perigoso.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), José Carlos Silvano, chama a estrada de "Faixa de Gaza". Para ele, a ERS-118 deve ser prioritária em relação a outras estradas.
— É um jogo de empurra, todo ano para e começa. Falta um dedo forte do Estado. É uma vergonha passar por uma rodovia daquelas — afirma.
Raio X
A RODOVIA
A importância:
- Boa parte do transporte de cargas na região passa pela rodovia
- Reduz custos de distância e pedágio para acessar a freeway
- Alternativa mais curta à BR-116 entre o Vale do Sinos e a freeway
Os problemas:
- Má conservação
- Sinalização deficiente
- Pista simples
A DUPLICAÇÃO
Como está:
- Entre os kms 5 e 11, são executados pela Sultepa os serviços de terraplenagem, drenagem e pavimentação. Iniciada em dezembro de 2010, a obra está 32% concluída. Custo: R$ 45,9 milhões
- Entre os kms 11 e 21,4, a obra da Triunfo tem seis quilômetros prontos. Os trabalhos começaram em julho de 2006. Custo: R$ 33,8 milhões
- São executados os viadutos sobre a ERS-020 e a interseção com a Avenida Marechal Rondon
- Conclusão: final de 2014
OS OBSTÁCULOS
- Com 12 anos, o projeto original de duplicação se tornou ultrapassado. Foi preciso prever passarelas e acessos como o do Distrito Industrial de Sapucaia do Sul
- Mais de mil famílias que moram ao longo da estrada, em Gravataí, Esteio, Sapucaia do Sul e Cachoeirinha, devem ser reassentadas
- Um duto da Petrobras que atravessa a estrada precisa ser removido, mas há um impasse entre o governo do Estado e a empresa
FONTE: Zero Hora